I
Eu me via escravo daquela construção
que em presença da bela mudava de forma
Vidro barato, grades de proteção e os jardins
infestados de cuidado! (veneno de rato)
Tudo fascinante aos nossos olhos coniventes
Aos corpos quentes e juntos a verdade se mostrava:
Vitrais de Murano, muralhas chinesas e jardins mouriscos
com veias d’água em labirintos de frutas mil
II
E os aromas transcendiam a maresia
Agora eu lia Laranjeiras, Papoulas e Damas da Noite
Até o azul se mostrava diferente
ciano, índigo e céu
Descobri os segredos da alquimia!
Quando recebi tácito presente
o verdejante “u” me fez poesia
amordaçou-me às Tílias inexistentes
III
Fundei um clube, era sócio afundador
Uma sociedade de corações rotos
onde brindávamos com bebida barata
enquanto encenávamos falsos confortos
Não era o bar, o péssimo bar
não eram os copos de vidro, mal lavados
Eram apenas os nossos relógios
ao meio dia em fuso errado