segunda-feira, 19 de abril de 2010

I


Eu me via escravo daquela construção

que em presença da bela mudava de forma

Vidro barato, grades de proteção e os jardins

infestados de cuidado! (veneno de rato)


Tudo fascinante aos nossos olhos coniventes

Aos corpos quentes e juntos a verdade se mostrava:

Vitrais de Murano, muralhas chinesas e jardins mouriscos

com veias d’água em labirintos de frutas mil


II


E os aromas transcendiam a maresia

Agora eu lia Laranjeiras, Papoulas e Damas da Noite

Até o azul se mostrava diferente

ciano, índigo e céu


Descobri os segredos da alquimia!

Quando recebi tácito presente

o verdejante “u” me fez poesia

amordaçou-me às Tílias inexistentes


III


Fundei um clube, era sócio afundador

Uma sociedade de corações rotos

onde brindávamos com bebida barata

enquanto encenávamos falsos confortos


Não era o bar, o péssimo bar

não eram os copos de vidro, mal lavados

Eram apenas os nossos relógios

ao meio dia em fuso errado

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