quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Não escreva poemas de amor.
talvez,
o amor não mereça um
poema. um verso de amor
pode acabar morto,
como um guardanapo
marcado de batom

no lixo,
entre os negativos velhos
os controles sem pilha,
eis onde pode acabar
o meu poema de amor

Não escreva, talvez
poemas de amor
vai que depois ela não é poema
e você já escreveu
ou ainda
vai que o poema é bom


mas


como calar a poesia
vendo-a dormir, as palpebras
tremulantes. A respiração leve
que em seu calmo ir e vir, lembra
uma cadeira de balanço. uma
canção de ninar.

como calar a vontade
se, com os olhos bem atentos,
a companhia vira paisagem
e o calmo ir e vir -
do corpo ao ar -
é como a brisa de um parque

todos os latidos
cacarejos, assobios,
a sola do sapato dos
corredores,
a bicicleta com uma rodinha!


cotovias, Flamboyants, até
a tangerina do pic-nic.
O alfabeto da poesia
inclui todos, menos o o amor

então eis o que é
talvez não seja certo
talvez
não seja arte. mas
é certo que escrevo
não porque a amo
escrevo porque
o meu amor é um parque

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