sexta-feira, 13 de novembro de 2009

As Multidões

Dar uma de observador: isso foi o que se passou na minha cabeça após ler “O Homem das Multidões”, de Edgar Allan Poe. O conto em questão fala sobre um homem que se atém a classificar os presentes numa multidão, encontrando diversos tipos recorrentes. Ao andar pela rua, não pude deixar de fazer o mesmo.
Comecei assim meu pretensioso experimento, o qual devo admitir, foi mais fácil do que parece. Quase todos os passantes se encaixavam em alguma categoria, executivos apressados, porteiros uniformizados e estudantes cansados. Segui então para uma segunda parte do estudo, as minorias, que para a minha surpresa também eram bem previsíveis. Estavam lá - homogêneos que nem garrafas de refrigerantes ou latas de atum - os judeus ortodoxos, os mendigos e as socialites, que se um dia foram bonitas hoje só ostentam unhas e cabelos bem tratados.
Nesse momento, o desprezo pelo mundo à minha volta me tomou de forma impressionante, - Uau, mas que mundo previsível, cadê o diverso, o nobre e o original? – e de repente nada mais valia a pena. Foi aí, que passando por um desses prédios de vidros espelhados, eu vi um espectro que calou toda a minha suposta altivez; um estudante.

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