sábado, 17 de outubro de 2009

A Moça

Talvez este seja meu único segredo que valha a pena: Eu estou apaixonado. E não é uma paixonite típica e mundana, é algo muito pior e intenso, uma vez que a coisa toda é totalmente platônica.
Tudo começou nas férias de julho, num quente fim de tarde em Paris. Saí do hotel, e como de praxe nesta viagem, peguei a bicicleta para dar uma passeadinha. Mal sabia eu que o meu amor me esperava. Durante o passeio, avistei um prédio de arquitetura curiosa, tubulações a vista, paredes de vidro e as maiores escadas rolantes que já vi. No entorno da construção, havia diversos artistas de rua, assim como um monte de turistas nórdicas fumando seus cigarros. Movido pela curiosidade, entrei no prédio.
Como alguns devem ter percebido, a construção em questão era o Centre Pompidou, mas conhecido por seu apelido, Beaubourg. O local abriga o Museu de Arte Moderna de Paris, assim como diversos cinemas e galerias para exposições temporárias. Enfim. Lá pelo 4o andar do museu, foi em uma de suas muitas salas que me deparei com ela. Tentei disfarçar a surpresa, mas seus traços, simples e inebriantes nunca poderiam me deixar calado. Trêmulo, balbuciei alguma coisa, mas ela não teve nenhuma reação.
Mais encantado que triste, fui embora. Prossegui viagem sem maiores dúvidas, mas eu estaria sendo negligente com meus sentimentos se afirmasse que não pensei mais nela.
Aproximadamente duas semanas depois, já no Brasil, me deparei com um artigo numa revista de grande circulação que me surpreendeu. A matéria em questão falava da vinda de minha amada a São Paulo! Incrível, mas, como arranjar um pretexto para vê-la? A idéia não saia da minha cabeça, até que um certo dia um grande amigo botou as mãos em meus ombros e disse: “Vamos para São Paulo”.
Era a minha chance. Chegando na cidade, eu só pensava na minha musa. Fui a uma boate e a diversos lugares, mas nenhuma moça foi capaz de tirar minha atenção, por um segundo que seja. No dia seguinte, fui a seu encontro. Assim como em Paris, ela me esperava estática. Passamos a tarde inteira juntos, entre bons selvagens dançantes e coloridas figuras do mar, e eu realmente nunca esquecerei aquelas 9 ou 10 linhas.

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